Dias de Hebe Camargo

terça-feira, 3 de junho de 2008


Se você é do tipo que adora sorrir até para as árvores, poupe-se de ler esta crônica ou algo que valha. Agora, se você é do tipo Walter Mattau com cara de cavalinha, rabugenta e mau humorada, tudo na mesma intensidade, por favor passe os olhos por aqui. A felicidade é um estado de espírito inventado, ela simplesmente não existe. Como conseguir esboçar um sorriso, quando seu colega espertinho está novamente se dando bem e você e eu... hum, no meio de um monte de lama pode-se dizer assim. Mas existe uma personagem/pessoa (sem distinção, não sei mais) que supera qualquer demonstração de excitação, sorrindo com dentes perfeitos, de plástico, muito provável. Hebe Camargo? Que nada, é fichinha perto dessa criatura. A felicidade extrema atende pelo nome de Noviça Maria , Mary Poppins ou Julie Andrews se preferirem.

Maria é uma noviça rebelde. Com sua juventude transviada, plageada descaradamente de James Dean, conseguiu que até as freiras e a madre (que não tinham voz a pouco) sacudissem o convento, cantando muito mais que músicas religiosas, num tempo que o gospel e nem Mara Maravilha pensavam em nascer. Depois de seu legado, todas as noviças sonhavam em rebelar-se, sair pelos bosques com cestinhos nas mãos, cantarolando "Dó Re Mi". É claro, o Capitão Von Trapp está incluido no sonho das mocinhas, algumas até pensaram em não entregar mais suas vidas a Deus tamanha a influência de Maria e seu cabelinho Joãozinho ( que Ana Maria Braga aderiu 30 e tantos anos depois). Como pode uma noviça ser tão feliz trancafiada num convento? É como Branca de Neve cantando a beira do poço, acho que essa não tinha nariz para sentir o cheiro da água suja que tirava do poço. A idéia estava em mudar a imagem de conventos e suas noviças. Mulheres frígidas e infelizes? Não, não. "Vamos criar uma diferente de todas, bonita, generosa, amiga, cozinheira, lavadeira e ops acabaram os adjetivos" - pensaram os diretores. E muito feliz também. Então temos Julie Andrews servida num banquete de dentes brancos e excitação extrema em relação a vida. Uma alemã tipicamente abrasileirada, pois quando Cap Von Trapp a repreende por sua má conduta com seus filhos, Maria continua com a candura habitual. Ela é brasileira e não desiste nunca, oras! Numa época em que Yves Saint Laurent e Cristian Lacroix faziam a cabeça do mulherio com seus modelitos, a Noviça cosia as roupas os herdeiros Von Trapp com.... pasmem... cortinas! Esta maneira simplista de encarar a vida, transformou-se no modo capitalista de ganhar-se muito dinheiro e Julie Andrews, os diretores estão com a barriga cheia de dinheiro até hoje.

O LSD nem havia sido inventado quando imaginaram a coisa mais psicodélica e avançada para a época: uma babá que voava de guarda chuva! Além de ser perfeita, amiga, carinhosa e claro... muito efusiva. Mary Poppins é puro ácido na cachola! Tanto ela como Maria, sofrem do chamado "dias de Hebe" . A história é mais ou menos assim: acordam como se estivessem em um musical, estalando os dedinhos, se dirigem até o banheiro cantando Le Jazz Hot ou qualquer música de algum musical muito velho. Não importa se fazem zero graus ou vinte, a alegria é a mesma. Distribuem sorrisos de graça e quem está por fora pensa: "esse aí cheirou pó".

A vida não imita filmes da Julie Andrews, ela imita programas ruins como o da Márcia Goldshmith.

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