Prof. Kika e seus homens

quarta-feira, 7 de maio de 2008


De todos os mistérios que atormentam a vida, o que mais vinha me atormentando era o mistério do que se falava a respeito dos alunos na sala dos professores. Sabe como é, entre cafezinhos e suspiros de cansaço, poderia brotar algum comentário maldoso, como por exemplo, que a Matilda, uma garota loira do primeiro ano, era ridícula com sua faixa de bolinhas vermelhas e suas pernas que mais pareciam varetas.

Todos os dias, lá estava eu, mendigando café na sala dos professores, implorando por um líquido que aquecesse minha garganta gelada. Os professores eram simpáticos comigo, alguns até perguntavam se queria com café ou adoçante! Mas um dia, por alguma infelicidade do destino, a professora mais bochechuda da escola abriu a porta. E negou-me o café. Nem preciso dizer o quanto foi humilhante vê-la fechando a porta em minha cara.

Deixem-me falar dela: a criatura mais arrumada de todas que conheci em minha mediócre passagem pela escola. Não havia um dia sequer que não estivesse impecável, um vendavel poderia vir e ela continuaria do mesmo jeito. Coisas de capacete, vai entender. E como todos os professores, fazia piadas sem graça. Nós, os alunos, éramos obrigados a rir, para garantir nossos dois pontos de qualitativa. E num dia muito feliz de polígonos e quadrados, ela mandou alguém ler uma questão. Ninguém manifestou-se. Silêncio constrangedor. De repente:

- Paulinho, leia uma questão!

- Errr.... não quero sôra.

Desafiada por um aluno na frente de outros quarenta e um. Isso não iria ficar assim. Escorou-se no quadro, tirou a folha do rosto e os óculos também. E soltou, aquilo que me faria temer por ela durante o resto do ano:

- Leia, sim? Imaginem vocês, eu corrigindo provas e uma voz dessas me liga e diz alô?! Nossa... ganhei meu dia! Que meu carequinha não escute isto!


Pobre do "carequinha", aquele homem que cansei de ver num frio de cinco graus trazê-la de Csara Picasso até a escola e vivia lhe pagando batatas fritas no Olaria. Desde este episódio tento lembrar do seu rosto apaixonado. Não consigo, pois apenas me vem a imagem da professora rindo dele...

2 comentários:

Júlia Souza Lisbôa disse...

HAHAHAHA

tá, eu mais do que NINGUÉM te entendi PERFEITAMENTE.

;D

tenho muita, muita pena do cerquinha. =/

Júlia Souza Lisbôa disse...

era carequinha, mas eu to tremendo nesse frio pra digtar e comi letrinhas.
percebi que o meu apartamento é MUITO mais gelado do que o normal.

nem vou trazer pessoas pra namorar aqui. heioehioeheo
;*

 
A excêntrica vida de Dona Cuca - Templates para novo blogger