Entre tapas e galões

quinta-feira, 15 de maio de 2008


Afinal quem era Monique?


Dias atrás ela chegou acompanhada da irmã. Outra louca. Nunca vi duas mulheres tão parecidas, os cabelos da mesma cor, um caia pelos ombros e o escovado parecendo saído da propaganda do shampoo Seda. Sim, mulheres. É este veneno que diferencia uma menina de uma mulher, a capacidade de dissimular e calcular cada passo friamente. Monique havia me contado que sua irmã era apaixonada por um homem mais velho, tudo nos detalhes mais sórdidos, eu me recusava a ouvir, mas ela começava com "ela precisa de ajuda, não sei o que fazer, me ajude.." No meu altruísmo exacerbado, cedia. E a ladainha começava de novo. O Mário dizia que era sintoma de paixonite aguda. Não conseguia acreditar, eu era um horror com as mulheres. Nós tirávamos um sarro da cara da Monique, o chefe da repartição nos mandou calar a boca de tanto que riámos, uma tarde dessas. Como ele não queria que rissémos a vendo sentada no outro lado da sala com a cara rebocada de tanta maquiagem, parecendo o palhaço Bozo? Puta que o pariu, poxa, assim não dá! Apesas das piadas, eu e ele admitiámos que ela era espetacularmente linda, na forma mais brega possível. Tínhamos planos mirabolantes: eu ficaria com Monique e Mário com a tal irmã que ninguém sabia o nome. Tudo isto, até o dia em que o bagulho começou a ficar sério e a brincadeira cessou.

Em tempo: ODEIO festas. Deve ser porque sempre acabo sóbrio tendo que carregar meia dúzia de bêbados. Mas a repartição estava fazendo 20 anos e quem eu tinha que estar presente, quem sabe, o dono, o Grande Pablito não nos cedia um aumento? Assim posso deixar de andar com a calças remendadas nos fundilhos. Enquanto todos confraternizavam, Mário e eu ficamos num canto, rindo (para variar) de nossos colegas, comendo e pensando no que faria ser a aquela festa um acontecimento inesquecível. Uma hora, duas, três passaram arrastando-se e já estávamos achando que iriámos sair sem nada para comentar durante o ano todo, até que começei a ouvir meu nome sendo repetido várias vezes e cada vez mais alto:

- O GRANDEEE ALEXANDREEEE, O GRANDEEE, CONQUISTOU EGITO E PÉRSIA, FOI GENEROSO E MALVAD-O-O


Monique, aquela vaca desgraçada. Deve ter ido no letras do terra e pesquisado por alguma música com meu nome. Não, não podia ser. Agora toda a repartição apontava para meu rosto, cada vez se parecendo com um tomate italiano e ela lá de pé no palco, de amarelo, fazendo o "nã nã" da música. O videokê deu nota 99 para ela, todos aplaudiram e num outro canto, o Mário se rasgava de tanto rir. Vou arrebentar os dentes dele e vamos ver se ele vai continuar rindo feito uma bicha louca. Fiquei sem aparecer na repartição uma semana, até a poeira baixar. Depois do tempo prescrevido, voltei ao trabalho. Meu inferno astral mal começava. Contaram-me que Monique havia declarado-se para mim. Agora eu acreditava no veridito de Mário. Era uma paixonite aguda aliado a um desejo de querer me comer, porque chegava e sempre havia um bilhete em cima de minha mesa (dela é óbvio) com alguma piadinha de duplo sentido e bagaceira.


O final do ano chegou aliado as velhas pretensões. E uma delas era me livrar urgentemente de Monique. Sabia que não seria fácil, agora que eu estava no mesmo andar que ela. Logo aproveitava-se disso para me chamar de cinco em cinco minutos e se não iria até sua mesa ver o que queria, tinha um ataque histérico tipicamente feminino, berrava a todo volume e o idiota aqui passava o maior papelão. Mário começou a encher o saco, dizendo que era uma OBRIGAÇÃO eu namorá-la. Como assim? Só porque agora ele estava comendo a irmã dela, que continuávamos sem saber o nome? Não precisava mais pagar uma acompanhante para ir as festas e estava se achando o bom. É. O Mário trocou o meu telefone pelo corpo de uma vagabundinha com cara de índia potira, não havia outra explicação pata Monique ter descoberto meu número e estar ligando de hora em hora, tirando meu sono e paciência.

Em uma noite, resolvi atender sua ligação:


- Alô.

- Oi Xandy!

Xandy, caramba! Tenho cara de ator pornô?

- Quero dormir Monique, por favor seja breve.

- Eu posso dormir aí contigo.

- Não pode.

- Mas eu quero.

- NÃO PODE E NÃO VAI CACETE!

- Ui, você fica tão másculo falando palavrões, Xandynho.

- VÁ VER SE TÔ NA ESQUINA!

- Ok, eu paro.

- Olha só Monique, não tem água na minha casa, estou esperando o encanador, depois nos falamos. Tchau.

Claro que não passava de uma mentira para despachá-la. Mas existem pessoas (leiam mulheres) que não conseguem enxergar essa pretensão para a mentira. E a Maria Louca (apelido do Mário para a "coisa") ultrapassou todos os limites.

Sete da manhã, ela chega com uma sacolinha e a coloca em cima da mesa:

- Pra você.

Cagado de medo, abri a sacola. Eram DOIS GALÕES DE ÁGUA MINERAL! Monique tinha acreditado na história do encanador. Não, era mentira. Nenhuma mulher chega a esse ponto. Estava cada vez mais frustrado, se era grosso ou delicado, não importava, ela continuava a me perseguir!

Para piorar tudo, Mário ficou ao seu lado. Inclusive, os dois fizeram uma tramóia suja para que Monique conseguisse jantar comigo.

Nas semanas seguintes, recebi um livro sobre meu signo, ela apareceu com um baby doll vermelho na frente do meu prédio... Até hoje, quero saber quem ela é realmente é, o que pensa...E principalmente o que a move.

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