Sonhos de uma palhaça

quinta-feira, 3 de abril de 2008


Estática e derretendo como cubo de gelo. Era assim que eu estava. Pasma? Talvez, talvez. Não haviam me caido apenas os butiás do bolso, mas as moedas, as balas e por último meu amor próprio e dignidade cairam por terra também. Eu estava babando mais que um cachorro com raiva. Espumando de raiva. Até hoje, depois de muitos meses depois do ocorrido, sai uma cusparada de minha boca.

A louca, desvairada da Ana Paula conversava alegremente com uma mulher. Ela era baixinha (como nós duas), usava um casaco preto, daqueles compridos, pesados com desenhos engraçados. Na cabeça, usava um chapéu, ops era cabelo, que vergonha, hehe. A gente não vê duas pessoas assim na vida né? E elas riam. Não paravam de rir. Eu odeio gente que ri demais, dá agonia (leia-se inveja). E observando tudo de cima, estava uma guria maltrapilha, com casaco e chapéu engraçado, como diria Bette Davis. Só poderia ser a minha pessoa. Mas aí algo acabou com a minha paz e candura observatória: se abraçaram.

MENTIRA! NÃO, NÃO É MENTIRA, NAS CASAS BAHIA É VERDADE! Tá, agora irei rolar escada a baixo para chamar a atenção, rolar como uma pedra. A Sílvia da novela das oito fez isso, porque comigo não daria certo? A vida pode ser uma novela da Rede Globo se a gente quiser. Também senti vontade de cuspir aquele vômito verde que a menina do exorcista derrama no padre. Em tempo lembrei que não sou uma demônia, foi o que o padre me disse a última vez que fui confessar-me. E isso faz mais ou menos uns 5 ou 6 anos. Então, decidi consertar as coisas. Claro que havia um certo receio, acho que foi de tanto a minha mãe falar que qualquer coisa que eu colocasse o dedo, iria piorar mais. Só que a situação chegou num ponto crítico, logo precisava de uma solução. O primeiro passo era descer as escadas.

Desci devagar, degrau por degrau e Ana e Mireille continuavam rindo. O encosto do Norman Bates estava chegando, pois sentia-me descendo as escadas com uma faca na mão, prestes a assasinar aquelas trouxas por exclusão social. Jessica Bandeira, 16 anos, presa por esfaquear uma velha e uma adolescente. Parei no pé do corrimão. Coloquei a mão na cintura, fiz carão de diva do cinema. E nada. Continuaram conversando. Aproximei-me e entrei de penetra na conversa. Mireille fita Ana que fita Mireille, que lançam um olhar diabólico sobre mim. E vão embora. Ao pé da escada, eu sentei e chorei.

E para melhorar a situação, Mimi ofereceu um quarto todo bonito para que Ana dormisse, e eu quase arrancando os cabelos fora.

Acordei, eram seis da manhã, aliviada porque tudo não passou de uma fantasia ridícula gerada de minha cabeça.

A única maneira de me distrair agora é sonhando né?

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