O mundo é dos pseudo-românticos

segunda-feira, 31 de março de 2008


Nunca gostei de Lya Luft. Talvez eu fosse a única porto-alegrense que tinha verdadeiro asco por aquela loira metida a poeta. Até a minha mãe gosta! Acho que este trauma em relação a Lya deve-se ao fato de ter lido um de seus livros chamado "Secreta Mirada" numa época em que as coisas não andavam como deveriam andar. Por isso, pegava nojo de tudo, desde livros até pessoas. Mas assim como passei a achar o Alain Delon o homem com a voz mais perfeita para ator de filme pornô, passei a nutrir uma afeição pela Lya.

A diferença entre ela e eu é que Lya escreve coisas engraçadas e outras românticas enquanto eu... Eu? Só escrevo coisas engraçadas do tipo "transformando-se em idosa no show do Aznavour, como fasss?". Toda vez que tento escrever algo que saía pelos poros,sempre erro o caminho e vou para a "Trashlândia". Acho que já me convenci de que não fui feita para descrever os romances, eles passam pela minha vida, eu os assisto e na hora de colocá-los no papel, as palavras não vêem.Assim como a Mireille não foi feita para cantar coisas alegres, quando ela tenta sai clássicos, pérolas empacotadas como "hinter den kulissen von paris" e "der pariser tango". Poucas são as Françoise Hardy's do mundo das palavras. E não sou uma delas.

Espero com ansiedade o dia em que irei sentar-me no sofá da Hebe (em tempo: eu odeio a Hebe, só sentaria no sofá mesmo se fosse a 20 anos atrás) e ela vai me perguntar:


- Jessica porque você nunca fala de amor nos seus livros? Digo, você só consegue falar deles numa forma brutal, como está naquele seu livro "Mimi e sua trupe".


E a Jessica diz:

- É Hebe... a gente não pode falar do que não sabe.


Quero ter tempo de mudar a resposta acima. Álias já mudei. E a resposta seria:

- É Hebe, é difícil falar do quão especial é o momento em que você ouve a sua música favorita, lembrando de cinco em cinco minutos da pessoa amada. Ou quem sabe da falta que a mesma faz, na hora de segurar a mão, quando você está quase chorando de emoção, no show do teu artista preferido e para aumentar a magia, a música que está tocando é aquela que você pode saltar pelo ar. Por isso não escrevo sobre esse tipo de amor, é um jardim secreto, só meu.


Não escrevo como a Lya, mas sinto-me como ela.

1 comentários:

Braga disse...

Opa opa, estava passando pela blogsfera e vi teu blog, tem um layout trizinho, aí eu me prestei pra ler um dos teus posts. Eis o que achei:

As coisas nunca estão boas, quase nunca estão boas, e quando estão boas a gente esquece de fazer as coisas que deveriam ser feitas enquanto elas estivessem realmente boas. Eu nunca li Lya Luft, mas lerei apaixonado e fora da fossa, totalmente fora da fossa.

Tu escreve com um pé na 'trashlândia'? Isso significa, entre outras diversas palavras, personalidade, identificação. Todo mundo vai te conhecer porque tu escreve de uma maneira trash sobre as coisas, eu escrevo de uma maneira ácida. Se nós dois tivermos uma idéia sobre uma poesia no estilo 'o amor é uma dor', vai dair diferente, porque ambos temos duas personalidades (até mesmo literárias) diferentes.

Não estar com quem ama no show do artista favorito é terrível, de fato. Provavelmente vou estar sem a guria que gosto, que nós dois nem sabemos quem é, no dia em que o The Cure estiver tocando Lovesong em Porto Alegre. Vamos comparitlhar da mesma dor.

Mas, de qualquer maneira, sabes que pode encontrar a pessoa que tu guardas no teu jardim a qualquer momento, de qualquer jeito, porque tu sabe que ela está no teu jardim porque quer, não porque tu obrigaste ela.

Assinado: O espírito de Charles Bukowski dentro do Braga.

 
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